Olá! Você fala português?

Olá, pessoal, tudo bem?

Aqui estamos, mais uma vez, para sentar e pensar um pouco: será que falamos realmente a língua portuguesa?

Não, não falo da língua portuguesa como ela é falada em Portugal ou em outros países, falo da língua portuguesa falada aqui mesmo no Brasil.

Pronto, você já deve ter pensado: “ele vai falar do pessoal que não fala certinho como está na gramática”. Sim e não.

Não porque não estou aqui para interpretar um “professor de português severo” que exige que o aluno saiba de cor até mesmo as regras para todos os casos em que se deve usar ponto-e-vírgula (devo confessar que eu mesmo confundo-me às vezes nisso 🙂 ), mas também não acho correto quando alguém vai até outra pessoa, lista de discussão ou fórum e começa a falar do jeito que bem quiser.

Certa vez vi um dos participantes de um fórum falar de forma totalmente estranha (é, aquele clássico texto cheio de “qdu” e “jenti prixisu di ajuda” e tantas outras coisas mais que só o camarada que escreveu consegue entender).

O fato é que aquela pessoa estava ali buscando ajuda para aprender sobre algo, mas ninguém conseguia compreender o que ele havia escrito. Eis que comentamos que ele deveria reescrever o texto a fim de que ficasse compreensível a leitura.

A resposta, que mais pareceria proferida por um “aluno repetente e rebelde”, foi: “Aff, mas até aqui vai ter gente querendo bancar o professor? Aqui eu sou livre, falo como eu quiser” (não, ele não falou desta forma, mas se eu escrever como ele escreveu, vocês também vão levar algumas horas para decifrar o “enigma”. 🙂 ).

O que aconteceu? Simplesmente todos “deram as costas” a ele, que ficou lá, esperando por uma resposta.

Este é um exemplo muito claro de “por que precisamos aprender a língua portuguesa”. Eu defendo o bom uso dela, pois se cada um começar a falar do jeito que bem entender, em algum momento cada qual terá seu próprio “dialeto” e ninguém entenderá mais ninguém – será a Torre de Babel brasileira.

Sim, e se você não compreendesse o que eu falo, não poderíamos estar aqui conversando sobre finanças, negócios, educação ou mesmo sobre nossa querida língua portuguesa, já que ninguém entenderia ninguém.

É o fim do conceito de sociedade como conhecemos e de todos os outros conceitos dependentes da boa comunicação (comércio, educação, governo, etc.) que é praticamente tudo o que conhecemos.

Desta forma, algo ou alguém deveria regulamentar o estudo da língua para garantir a boa comunicação, não?

Entram, então, três fortes aliados: o professor, a gramática e o dicionário.

Bem, acredito que todos já devem conhecer o papel do professor como orientador, fomentador de discussões e instigador da curiosidade dos alunos, sendo assim, vou falar dos outros dois elementos que, muitas vezes, nossos estudantes fingem “não lembrar que eles existem”.

Vai, me diz aí, quando foi a última vez que você abriu uma gramática para solucionar alguma dúvida? Ah, vai me dizer que já terminou o ensino médio e por isso acredita que não mais precisa dela? Ah, já está na universidade, vestibular nunca mais? A carreira já está garantida, por que mais iria querer ficar lendo gramática?

Pois é, meu caro, se você acredita que é como andar de bicicleta e que a gente nunca mais esquece, peça para alguém que não anda há muitos anos em uma e você perceberá que ela terá muita dificuldade até voltar ao costume. E se ela estivesse sempre praticando, andando de bicicleta um pouco aqui ou acolá? Com certeza a dificuldade seria menor ou nem mesmo haveria, não é?

É isso o que acontece com quem pratica, com quem sempre usa a gramática e o dicionário, aliás, gostaria de derrubar uma crença ridícula que muitos criaram em torno do dicionário e acaba por muitas vezes “justificar o não-uso”, que é o fato de chamá-lo de “pai dos burros”.

A minha vida inteira sempre fui um aluno muito bom, excelente desempenho na escola, uma boa graduação e ainda hoje, diante deste monitor escrevendo para vocês, basta eu olhar para o lado e eu vejo aqui o dicionário da língua portuguesa (na verdade, o minidicionário 🙂 ).

Tenho aqui sempre comigo o dicionário da língua portuguesa, o dicionário inglês-português e também um de espanhol-português (este último, na escrivaninha à esquerda, onde fica o nosso outro PC).

Se eu me sinto burro por dizer que uso dicionário? De jeito algum! Muito pelo contrário, eu me sinto inteligente, pois ao menor sinal de dúvida em alguma palavra, lanço mão de um deles e obtenho uma resposta confiável.

Ficou na dúvida se é conciência ou consciência? Vou lá no dicionário (não, claro que esta eu sei como se escreve, mas já tive tantas outras dúvidas e o dicionário salvou-me).

É muito melhor eu “resolver meu problema” aqui, antes de publicar, a só quando for muito tarde eu perceber a “mancada” que dei.

Já vi várias propagandas, algumas inclusive de instituições de ensino, com erros de ortografia! Que confiança eu posso ter na educação oferecida por uma dessas instituições quando nem mesmo ela sabe escrever corretamente? Ah, mas não foi ela quem escreveu o texto da propaganda? Essa resposta não cola, pois eles possuem o direito (eu diria dever) de revisar o que será colocado na propaganda antes de ir ao ar.

Não importa se para a escola, vestibular, entrevista de emprego, uma carta formal ou mesmo para uma simples resposta a um fórum, a forma como você fala diz quem você é. Se você não consegue manter uma conversa ao menos compreensível com outra pessoa, como esperar que ela dê-lhe o devido crédito?

Vários são os erros que costumamos cometer, um deles é quanto ao uso de estrangeirismos. Concordo com muitos profissionais e professores que certos estrangeirismos são mais que importantes, por exemplo o termo marketing. Este termo já é tão empregado que não mais passa a idéia de palavra estrangeira, de “chiquê”, como algumas pessoas que enrolam a língua para falar “engrish” julgam. Agora, quando usam “off” em vez de “desconto”, “cash” em vez de “caixa” ou “dinheiro”, bem… Em nada há de “chiquê” em se utilizar um termo de outra língua quando há outro que pode ser tão bem empregado em seu próprio idioma.

Aliás, às vezes nem mesmo é preciso pegar emprestado termos de outros idiomas. Algumas pessoas abusam no uso de termos muito rebuscados para parecerem cultos. Bem, se você começa a empregar termos que ninguém conhece somente porque acha que assim parece culto, você vai parecer mesmo é um exibicionista. A linguagem foi criada para a comunicação, então se você não consegue utilizá-la para comunicar-se, ou seja, fazer-se entender, está cometendo o crime mais grave que se pode cometer contra a língua.

Outro problema que vemos cada vez mais é quanto ao internetês, esse idioma que acabou sendo criado por meio da modificação, redução e repetição de letras e fonemas em palavras já existentes, bem como a adoção de algumas novas (tais como estrangeirismos ou neologismos – neologismo é quando você cria uma nova palavra para expressar uma nova idéia ou uma já representada por alguma outra palavra).

Quando o internetês está somente entre internautas que usam e compreendem a mesma, tudo está ótimo. O problema é que o internetês não é regulamentado, logo cada qual vai fazendo alterações segundo suas necessidades, de tal forma que o internetês que alguém fala em um lugar pode ser muito diferente do internetês que outra pessoa fala. Ambas acreditam então estar falando a mesma “língua”, mas uma não consegue compreender a outra.

Além disso, não é porque estamos na Internet, em um meio virtual, que todas as regras que conhecemos no meio real “caem por terra”. Em muitos fóruns sérios a língua portuguesa é muito bem respeitada como um dos princípios para o bom uso do mesmo. Ninguém quer ser seu professor de português, mas ninguém quer ter que “bancar” o arqueólogo para tentar decifrar o que você escreve.

Além do que, se quer ser “chique” mesmo, se quer parecer culto, o melhor a fazer é falar a língua portuguesa de forma que todos o compreendam, sem exageros. Se todos o entendem, não fica dúvidas sobre o que você pensa, então só cabe a você transmitir da melhor forma aquilo em que você crê.

É, espero ter feito bom uso da língua portuguesa aqui. 🙂

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